quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Homem - O Filho Bastardo da Mãe Natureza

Existem coisas que não de devem discutir, porque cada pessoa tem a sua opinião pessoal, e deve ser respeitada. Religião, politica, desporto... Acho que aqui só me falta escrever sobre desporto… Não porque não respeito os diversos pareceres, mas sim porque devo ter a cabeça dura, e não entendo certas ideias.

No entanto, deparamo-nos com mais um assunto que há muito aguarda decisão final. Aborto: Sim, ou não?

Nesta foto podemos ver a mão de um bebé com 21 semanas que parece agradecer ao cirurgião que o opera por causa de uma anomalia fatal, espinha bífida.


Os médicos sabem que ele morrerá se não for tratado antes de nascer, e a única solução embora muito arriscada, foi operar antes do nascimento. A foto é singular, um momento excepcional, nunca antes registado, ou talvez vivido por alguém. O bebé agarra-se à vida. Quer nascer. Quer crescer, brincar, olhar para as estrelas, sentir na pele a chuva, e sonhar.

Mas a vida é difícil, e nem sempre podemos brincar, nem sempre olhamos o céu para ver as estrelas, e por vezes sentir a chuva fria na pele não é opção, e os sonhos, esses são por vezes um prato de comida para acalmar o estômago, e um carinho de alguém que tenha olhos doces e um sorriso sincero.

Um bebé indesejado, seja porque motivo for, acaba na maior parte das vezes num programa de realojamento, seja numa daquelas instituições que não têm o mínimo de condições, ou na rua a pedir, a prostituir-se, ou pior ainda, num saco de plástico e atirado ao rio. Não é ficção, mas sim a realidade.

Outras crianças ficam na casa dos pais, mas estes devido a sem número de factores, não lhes dispensam a atenção, o carinho, o mínimo de condições que merecem.

A igreja defende o “Não” categórico. Mas eles vivem numa utopia, e sabe-se lá porquê, essas ideias ainda prevalecem na cabeça de muita gente. O governo divide-se, mas só com o habitual intuito de ganhar votos. E o cidadão comum vai opinar. No dia 11 de Fevereiro, um referendo vai decidir se podemos escolher entre trazer uma criança ao mundo nas melhores condições possíveis, ou juntar mais um número aos milhares que morrem com fome, maus-tratos, pura negligência.

Não podemos decidir se o próximo imposto vai ser de 6 ou de 60%, nem se vamos ficar sem direitos que julgávamos adquiridos, e muito menos saber o que vai na cabeça dos nossos políticos, mas poderemos decidir se vamos aumentar o número de crianças que nascem e vivem na dor, até que uma morte misericordiosa ponha termo à vida de uma criança, que nasceu neste mundo governado pela filho bastardo da mãe natureza.